Sucesso do Associativismo no Mato Grosso (MT)

Carlos Ernesto Augustin, Presidente da Associação de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat) justifica a importância das associações do Mato Grosso (MT).

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1) Quais são as principais associações estabelecidas no Mato Grosso (MT)?

Em Mato Grosso nós temos a de suínos (Acrismat), bovinos (Acrimat), sementes (Aprosmat), algodão (Ampa), soja (Aprosoja), além da Federação e dos Sindicatos, mas essas são as associações mais importantes do Estado.

2) Qual foi o ponto de partida das associações, ou seja, quais os motivos que justificaram a formação das associações?

O histórico de associações no Mato Grosso começa com a Aprosmat, que foi a primeira. Os maiores motivos da criação dessas associações são: a falta de apoio governamental, a falta de estrada, falta de crédito, falta de corredores logísticos, a falta de tecnologia. Quando viemos para para Mato Grosso de outras regiões do país, percebemos a necessidade de nos unirmos para resolver esses problemas estruturais de falta de representação política e tecnológica. Esse fatores contribuíram para que nos uníssemos com intuito de tentar achar uma solução para os nossos problemas.

3) Quais foram as principais realizações ou conquistas?

Uma boa conquista das associações são os fundos que cada uma possui, e que garantem a perpetuação financeira, como despesas da diretoria, viagens e projetos em valores expressivos. Falta de dinheiro não é nosso problema, o que muitas vezes é um problema para muitas outras associações. Uma segunda grande conquista foi a nossa união em defesa de nossos interesses políticos em Brasília, pois todos sabem que quem iniciou esse movimento foi o Mato Grosso, claro que a Frente Parlamentar já existia e ficou hibernando por alguns anos. Quando Mato Grosso entrou de forma mais agressiva com o IPA (Instituto Pensar Agro) acabou resultando em uma organização que não tem precedentes na história do Brasil. A Frente Parlamentar hoje conta com mais de 82 deputados fieis, eu diria que mais que o PMDB, o IPA, com 42 associados, com orçamento e reuniões periódicas no envolvimento do diário da política, faz transformações e vem mudando leis. Essa iniciativa tem sido mais evidente nos últimos anos, nos dando oportunidade de mexer nas leis de forma positiva, gerando menos burocracia, enfim deixando nosso trabalho correr de maneira organizada.

4) Quais são as principais atividades desenvolvidas?

Todas essas associações tem seu lado político muito forte, por outro lado todas tem seu braço tecnológico, algumas mais e outras menos. No caso específico do algodão talvez metade de seus recursos são usados em centro de pesquisa, que no caso é o IMA. Hoje nós temos em Mato Grosso cinco centros tecnológicos que não só fazem pesquisas, mas também estão habilitados como centro de treinamento de mão de obra. Então dentro da Ampa nós temos trabalho político, de pesquisa e formação de mão de obra. Dentro da Aprosoja nós temos um trabalho político muito grande, uma veia forte e estruturada na logística e boa vinculação com o associado. A Aprosoja tem também delegados regionais e assembleias onde dá capilaridade ao segmento. Eventos comunitários são boas atividades da Aprosoja, que desenvolve também um trabalho muito bom no hospital do câncer.

Pode-se destacar como grande conquista da Ampa ter ganhado uma sede para atender a todos em Cuiabá. Uma conquista que também vale destacar, inédita no mundo, foi ganhar na OMC o atrito americano com o Brasil, que trouxe reflexos financeiros positivos. Porém, diria que nossa maior conquista é a organização e efetividade que temos com presença constante em todos os assuntos da agricultura.

5) Como as associações são mantidas?

Aqui no Mato Grosso todas elas tem os fundos com participação do governo estadual para arrecadar,  mas via de regra quem arrecada somos nós mesmos, o próprio associado que paga. O trabalho do governo do Estado faz uma arrecadação de contrapartida mediante a um porcentual ou serviço, mas quando não tem nada disso a contrapartida é a própria atividade política positiva de que a associação faz pelo Estado na defesa dos interesses da economia. Também temos participação financeira voluntária, mas de pequena expressão, porque sabemos que no Brasil a participação voluntária é muito difícil. Na minha opinião o modelo ideal é que haja uma participação obrigatória baseada em leis estaduais, que é muito mais fácil, e que parte do vínculo seja feita por participação voluntária, pois não adianta o sujeito ter tudo de graça. Ele tem que contribuir com algo e estar vinculado para usufruir.

6) Como são, resumidamente, realizadas as gestões das associações?

Normalmente a diretoria fica de dois a três anos. Na federação são três anos. Me parece que a Aprosoja agora passou para três anos, sendo permitida a reeleição por uma vez. Normalmente a diretoria é composta por participantes de todas as regiões. Temos um grande cuidado de fazer um rodízio das presidências, não permitindo presidente da mesma região por 10 anos, para que haja uma participação de todas as regiões. Essa iniciativa tem acontecido de forma democrática e algumas vezes o vice-presidente passa a ser presidente.

7) Quais são os principais benefícios reconhecidos pelos associados?

Os benefícios aos associados são a interferência junto ao governo, renegociações de dívidas, baixa nas taxas de juros, aumento no prazo de financiamento, aquisição de recursos para prêmio de esporte tanto do algodão quanto do milho. Quando se consegue mudar uma lei ambiental e fundiária, são gerados benefícios difusos, difíceis de se mensurar. Já tivemos crises enormes com secas, ferrugem e dólar, que sem esse apoio não sobreviveríamos. Até mesmo nas questões ambientais e trabalhistas aconteceram lutas para que houvesse acordos para ambas as partes. Posso dizer que essas conquistas políticas são nosso maior trunfo.Dívidas, juros, regulamentação trabalhista, fundiária e ambiental são coisas que atrapalham nosso dia-a-dia.

8) Quais são as prioridades das associações no âmbito político?

Em âmbito político nossa maior prioridade é manter a força que temos na câmara dos deputados, participando com os nossos temas, e negociando com o governo. O governo presta muita atenção aos movimentos da Frente Parlamentar porque sabe a sua importância.. Outra importante que começamos a fazer aqui no Mato Grosso foi criar uma instituição parecida com o IPA de Brasília, a nível estadual. Nós já temos aqui o Fórum Agro MT, que já existe reuniões mensais com as principais entidades e o estatuto aprovado, que está na fase de registro no cartório. Iremos alugar uma sala e contratar técnicos e imitar a Frente Parlamentar de Brasília. Eu acho que essa manutenção do poderio em Brasília é fundamental para nós, mas também temos que fazer o sistema de casa nos Estados. Outra coisa essencial é a nossa participação nas eleições, o agricultor tem que fazer sua participação cidadã política, ele não pode virar os olhos e falar que todo político é ladrão, pois não é a realidade de todos. Temos que auxiliar nossos representantes.

9) Qual a importância do processo associativista para as cadeias que representam?

É muito importante, pois o Ministério da Agricultura ou a Embrapa quando quer saber a opinião de um agricultor, não procura ele separado, mas sim sua liderança ou presidente da classe. Essa interlocução com os poderes maiores é próprio das associações e, é assim que tem que funcionar. Os governantes ou deputados também não podem saber qual a opinião majoritária de parcela da população. Neste caso, existe a associação, para representar e ouvir essa população. A associação serve para representar e não para agir por interesse próprio.

10) Quais são os maiores desafios?

Continuar mantendo os fundos e ter uma participação mais efetiva do associado, seja ele pequeno, médio ou grande e interiorizar mais os anseios do associado.

 

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