Renata Chiarini Monteiro, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP), renatathrips@yahoo.com André Luiz Lourenção, Instituto Agronômico (IAC), andre@iac.sp.gov.br
Tripes são insetos da ordem Thysanoptera, representada por cerca de 5.000 espécies. Há espécies fitófagas (alimentam-se de tecidos vegetais), micófagas (alimentam-se de esporos ou hifas de fungos) e/ou predadoras (alimentam-se de outros artrópodos), havendo ainda o registro de uma espécie parasita. Os tripes fitófagos são geralmente pequenos (1 a 2 mm de comprimento) e tanto as formas imaturas (ninfas) como os adultos perfuram os tecidos vegetais e sugam o conteúdo celular, podendo ou não causar danos às plantas cultivadas.
Em decorrência da alimentação, os tecidos vegetais dos órgãos atacados (folhas, flores e/ou frutos) podem apresentar uma ou mais das seguintes características: pontos, estrias ou áreas prateadas, amarelecidas e/ou bronzeadas, enrugamento, atrofia e morte, que podem levar à perda do vigor da planta e à redução na produção. Além disso, são observados pontos escuros na superfície desses tecidos, que são as gotas fecais eliminadas pelos tripes. Algumas vezes, quando o órgão atacado é o produto comercializado, como ocorre com flores e frutos, por menor que seja o dano, os prejuízos são grandes, mesmo não havendo perdas na produção. Apenas 50 espécies, ou seja, 1% do total, são consideradas pragas de plantas cultivadas no mundo.
A alimentação de tripes nos tecidos das plantas (folhas, flores e/ou frutos) pode causar estrias ou áreas prateadas, amarelecidas e/ou bronzeadas, enrugamento, atrofia e morte, que podem levar à perda do vigor da planta e à redução na produção.
Outro problema decorrente da infestação por tripes é a transmissão de vírus, uma vez que o inseto, durante o processo de alimentação, pode introduzir, juntamente com sua saliva, vírus no tecido vegetal atacado.
Entre os vírus transmitidos por tripes, os mais importantes são aqueles pertencentes ao gênero Tospovirus, alguns deles conhecidos causadores da doença vulgarmente denominada “vira-cabeça-do-tomateiro”. Embora haja apenas 11 espécies de tripes comprovadamente vetoras de tospovírus, seis delas são comuns nas principais fronteiras agrícolas do Brasil e pertencem a dois gêneros principais: Frankliniella e Thrips.
Outro problema decorrente da infestação por tripes é a transmissão de vírus, uma vez que o inseto, durante o processo de alimentação, pode introduzir, juntamente com sua saliva, vírus no tecido vegetal atacado.
Dentro do gênero Thrips, T. palmi é uma espécie exótica, introduzida no Brasil e, inicialmente detectada no Estado de São Paulo em 1992, infestando batata nos municípios de Atibaia, Itapetininga e Pinhalzinho, além de berinjela, pepino e pimentão em outros municípios. Desde então, T. palmi passou a ser considerada praga da batata, sendo a única espécie identificada infestando lavouras no país até o momento. Em 1995, T. palmi foi registrado no Estado de Minas Gerais, no município de Bueno Brandão.
Outros registros dessa espécie em batata foram feitos em Casa Branca, em SP, e Ipuiúna e Alfenas, em MG. Além dos danos diretos causados a uma grande variedade de plantas, T. palmi é vetor de três espécies de Tospovirus; no entanto, nenhuma dessas três espécies encontra-se presente no Brasil, assim como nenhuma ocorrência de tospovírus em plantas de batata foi associada a essa espécie de tripes.
Desde 1992, T. palmi passou a ser considerada praga da batata, sendo a única espécie identificada infestando lavouras dessa solanácea no Brasil, até o momento.
O ciclo de vida de T. palmi consiste em ovo, dois estádios ninfais (ninfa de 1º e de 2º ínstares), dois estágios pupais (prepupa e pupa) e adulto. Com exceção dos estágios pupais que são quiescentes, não se alimentam e se encontram no solo ou substrato, os demais estágios são encontrados na parte aérea das plantas hospedeiras. Os ovos são inseridos dentro dos tecidos vegetais e, portanto, encontram-se protegidos. Ninfas e adultos alimentam-se ativamente. As ninfas apresentam coloração amarelo-pálida e não possuem asas, enquanto os adultos são amarelo-dourado, com coloração escura em parte das antenas e nas cerdas do corpo. A sobrevivência e o período de desenvolvimento dos diferentes estágios de desenvolvimento são variáveis em função da temperatura e da planta hospedeira. Embora não haja dados disponíveis para a batata, o ciclo de vida desse tripes em pepino leva de 20 dias (a 30 0C) a 80 dias (a 15 0C), sendo 25 dias a 25 0C. O adulto pode viver de 7 a 30 dias e a fêmea produz, em média, 50 ovos.
Figura 1. A: Adulto (fêmea) de Thrips palmi. B: Dano de T. palmi em folha de batata
T. palmi, a exemplo de outros tripes que são importantes pragas da agricultura, é uma espécie polífaga, sendo relatada em dezenas de plantas cultivadas (solanáceas e cucurbitáceas são seus melhores hospedeiros) e da vegetação espontânea próximas às culturas, que podem hospedar e manter a espécie durante períodos de entressafra. No Brasil, T. palmi foi coletado em batata, berinjela, jiló, pimentão e tomateiro (solanáceas), abóbora, melancia, melão, pepino e pepino selvagem (cucurbitáceas), feijoeiro e vagem (fabáceas), crisântemo (asterácea), algodoeiro (malvácea) e feijão-de-corda (leguminosa).
T. palmi é uma espécie polífaga, sendo relatada em dezenas de plantas cultivadas e da vegetação espontânea; estas podem hospedar e manter esse tripes durante a entressafra.
T. palmi está presente em diversas culturas em cerca de 30 localidades, em sete Estados (São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Bahia e Roraima) e no Distrito Federal.
Esses dados não refletem a real distribuição geográfica da espécie, uma vez que não há coletas sistemáticas representativas.
Para se estabelecer medidas de controle efetivas, é necessário se conhecer a espécie de tripes presente no local, o que permite reunir informações sobre sua biologia. Essas informações são essenciais tanto para se fazer o monitoramento do inseto, como na adoção e aplicação de medidas de controle. O monitoramento da população do inseto pode ser realizado através de armadilhas adesivas e inspeções na cultura. Por exemplo, segundo estudos realizados na Coréia, ninfas e adultos de T. palmi encontram-se predominantemente no terço superior da planta de batata e a distribuição espacial dos mesmos dentro da lavoura é agregada; essas informações são fundamentais na realização de amostragens representativas.
Não há nível de controle determinado para T. palmi em batata no Brasil. Na Austrália, estudos sugerem que menos de um tripes por folha pode ser tolerado sem perdas na colheita, enquanto a presença de quatro ou mais tripes por folha no início do desenvolvimento (início do tubérculo) exigem a tomada de medidas de controle. O controle de T. palmi requer a utilização conjunta de diversos métodos (físicos, culturais, biológicos e químicos), visto que nenhum deles é eficiente isoladamente e a utilização exclusiva de inseticidas pode levar ao aumento no número de tripes. Com relação ao controle químico de T. palmi em batata, há registro no Ministério da Agricultura de imidacloprid (em três formulações) e de thiamethoxam.
Numa visão mais ampla de controle, os métodos utilizados devem considerar:
(a) resistência apresentada por T. palmi a vários produtos químicos, (b) ineficiência de produtos químicos nos estágios; embrionário (ovo) e pupal, que se encontram protegidos, (c) polifagia e (d) biologia na planta hospedeira (distribuição no hospedeiro, taxa reprodutiva e nível de dano econômico apresentado por T. palmi). A prevenção de invasão em casas-de-vegetação, a redução da densidade populacional em plântulas e a coleta massal através de armadilhas adesivas são importantes para manter a densidade populacional de T. palmi o mais baixo possível, fator fundamental para o controle da espécie.
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