UMA PERSPECTIVA DIFERENTE

ANDREU, Mario Alejandro. Licenciado en Genética (U.Na.M./Misiones/Argentina). Mestre em Genética e Melhoramento de Plantas. (DBI/UFLA/MG). Diretor da empresa exportadora ANDREU ALIMENTOS, San Javier, Misiones-Argentina. – marioandreu@ig.com.br


Como leitor desta prestigiosa revista, tive a oportunidade de acompanhar em várias de suas edições o grande interesse demonstrado pelos diferentes setores relacionados à pesquisa, indústria, comércio, etc, por defender fortemente a bataticultura brasileira. Devido a minha visão como pesquisador, com mestrado realizado no Brasil, bataticultor e exportador argentino de batatas, venho me posicionar numa postura crítica com respeito a dois pontos tratados com certa parcialidade por alguns autores a respeito da Cadeia Brasileira da Batata.


1.- Indústria: a imperiosa necessidade de criar indústrias de processamento nacionais para diminuir o volume importado de palitos pré-fritos congelados da Argentina e da Europa é uma idéia, sem dúvida, importante, porque levaria a aumentar o saldo positivo da balança comercial brasileira. Como é sabido, um dos grandes problemas que enfrenta hoje a bataticultura brasileira é a falta de qualidade e quantidade de batatas para industrialização, portanto, até o melhoramento não solucionar esse problema e sobretudo, os produtores não adotarem novas cultivares, esse ponto não terá aplicação prática. Isso tudo, diante de experiências detectadas no ano de 2004, no qual as importações da cultivar Kennebeck da Argentina, durante os meses de maio a outubro, foram importantes devido a ser uma cultivar conhecida pela sua alta qualidade de fritura. A falta dessa cultivar acentuou-se nos meses de novembro e dezembro, quando se pode observar aumento da demanda da cultivar Spunta, colhidas sob um regime de clima quente presente nesta época na região de Tucuman ANDREU, Mario Alejandro. Licenciado en Genética (U.Na.M./Misiones/Argentina). Mestre em Genética e Melhoramento de Plantas. (DBI/UFLA/MG). Diretor da empresa exportadora ANDREU ALIMENTOS, San Javier, Misiones-Argentina. – marioandreu@ig.com.br (Argentina), que apresentou um aceitável padrão de fritura. Spunta, sendo uma cultivar de baixa qualidade de fritura, compete geralmente com a cv. Monalisa como batata fresca. Isto é um indicativo claro da falta de cultivares que atendam as necessidades da  indústria e, sobretudo, de quantidade suficiente para abastecer com matéria-prima o ano todo, considerando que a indústria brasileira ainda está disposta a consumir qualquer cultivar com a finalidade de satisfazer as suas necessidades.


2.- Auto-suficiência de produção. O Brasil é um país geograficamente muito grande e com regiões batateiras dispersas por seu território. Isto gera um volume produtivo muito grande que leva a abastecer a maior parte dos consumidores brasileiros, porém, nem sempre as regiões produtoras produzem batatas ao longo do ano todo. Por exemplo, a safra produtiva referente aos estados de São Paulo e Minas Gerais não coincide com a dos estados do sul, portanto, a batata tem seu preço, muitas vezes, incrementado pelos fretes de seu deslocamento para chegar a outros estados. Além disso, deve se considerar, por exemplo, que o consumidor gaúcho prefere principalmente cultivares de pele vermelha, como Asterix e Baronesa, não sendo estas cultivares as mais plantadas nos estados anteriormente mencionados. O contrário também ocorre quando mudam as épocas de colheita.


Essa variação nos preços se acentua pela falta de abastecimento no mercado como ocorreu no ano de 2004, principalmente pelas chuvas que afetaram o plantio e a colheita. Com isso, grandes volumes de batatas (Spunta, Kennebeck e Asterix) entraram no Brasil entre os meses de julho e outubro, quando os preços giraram em torno de 40 a 50 reais/saco na fronteira, provando que a produção brasileira de batata tem um grande mercado para atender e que pode, em certas ocasiões, estar enfraquecido por razões, por exemplo, climáticas, o que leva a um aumento nas importações.


Os bataticultores brasileiros devem saber que nem sempre se importa batata para consumo fresco dos países vizinhos e que, se o Brasil não está exportando batatas neste momento, é porque o volume produtivo e a qualidade, ou ambos, não são suficientes para gerar exportações. Além disso, a auto-suficiência tem sido atingida nos países vizinhos devido à menor população, gerando baixos preços e não favorecendo as exportações brasileiras. No caso do Mercosul, acho que as relações bilaterais estão para regular o volume de produtos que entram e saem de cada país e para tentar criar um ambiente onde um país possa prover o outro de diferentes produtos nas épocas de desabastecimento. É necessário que cada país defenda sempre os seus próprios interesses, mas sempre num clima de cooperativismo e flexibilidade.
Os bataticultores brasileiros devem estar cientes que, assim como algumas importações podem dificultar os seus negócios, no mundo também há muitos produtores de várias outras espécies cultivadas que estão tendo dificuldades devido as exportação de produtos brasileiros.
 
 

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